Auto-Organização e Criação Sociocultural





No nosso encontro com o mundo construímos significados pessoais. Mas o mundo que encontramos não é um mundo vazio; existem nele todo o tipo de significados culturais, de histórias preexistentes, de instituições, regras, etc.
Os significados não são produzidos apenas pelos indivíduos que registam certas experiências enquanto relacionados com outros [indivíduos]. (…) As culturas também mantêm colecções de significados típicos de narrativas nos seus mitos, contos de fadas e histórias. (…) Os stocks cultuais de significados não são estáticos mas acrescentados através de novas contribuições e eliminados por falta de uso.
Texto 32 (página 104)
Os seres humanos agem de forma a criar ordem e sentido a partir do conjunto das experiências: são seres auto-organizados. Através da acção dos processos de auto-organização sobre o seu fluxo de experiências, os seres humanos constroem-se agindo no mundo, organizando-se no seu envolvimento com o mundo. A capacidade que temos integrar as experiências na nossa história pessoal, de as organizar e de lhes atribuir um significado, permite-nos construir permanentemente a continuidade e a coerência de um sentido de nós próprios e do mundo. Torna possível, por exemplo, relacionarmos o que nos aconteceu ontem com o que está a acontecer agora.
Os seres humanos são seres capazes de autonomia, isto é, seres capazes de participar nos processos de transformação e determinação de si e dos seus ambientes socioculturais.
Enquanto seres capazes de agir sobre os seus contextos e as suas experiências de vida, enquanto seres dotados de autonomia e capazes de auto-organização, os seres humanos não só criam, em partem a sua história pessoal como também transformam o seu ambiente físico e sociocultural; actuam sobre o seu corpo e sobre a sua situação.

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