Conação



Processos conativos é a tendência do ser humano para agir deliberadamente.
Caracterização da Ação Humana
Diferença entre causas externas e internas; a mente tem que estar envolvida, tem que participar consciente e intencionalmente na ação. A causa tem que se inscrever num plano de ação considerada voluntaria e intencional.

Atividade Involuntária
Comportamentos reativos que ocorrem de modo espontâneo e automático, associados ao funcionamento orgânico ou a reações suscitadas pelo meio ambiente.

Atividade Voluntária ou Reflexiva
Atos que envolvem a participação ativa de um sujeito autónomo e livre, que pondera antes de agir pensando nos meios para lá chegar e nas suas consequências. Diz respeito a atos que exigem deliberação e decisão. São atos conscientes, intencionais e voluntários.

- Intencionalidade e Tendência
Intencionalidade - relação entre a mente ou consciência e o objeto para que está orientada. Ação intencional: projeto ou representação mental e antecipada da ação; a ação propriamente dita, a concretização do projeto.
Tendências - disposições internas de um organismo para efetuar determinadas ações ou facilitar a sua execução. Traduzem necessidades que desequilibram o organismo e o deixam em estado de tensão. As condutas prosseguem fins ou objetivos com vista a satisfação de necessidades.

Ciclo Motivacional:
Necessidade – estado de desequilíbrio provocado por uma carência ou privação (falta de alimento);
Impulso ou Pulsão – estado energético capaz de ativar e dirigir o comportamento (força que move o individuo a obter comida);
Resposta – atividade desenvolvida e desencadeada pelo impulso (procura de alimento);
Objetivo – finalidade que se procura atingir com a atividade (ingestão do alimento);
Saciedade – redução ou eliminação do impulso (depois do alimento ser ingerido, a fome atenua-se ou desaparece).

Classificação das Tendências
Origem primárias – correspondem às necessidades naturais e são independentes de aprendizagem (tendência à preservação do individuo – conservação, nutrição, defesa; e tendência a conservação da espécie – reprodução);
 Origem secundárias – correspondem às necessidades sociais e são adquiridas por aprendizagem (tendência para o desporto, desenho, vocação para a medicina);
Objetos individuais – visam os interesses relacionados com a conservação e crescimento ou progressão do sujeito (orgânicas – alimento, descanso; psíquicas – posse, ambição);
Objetos sociais – visam o estabelecimento de relações com os outros (imitação, simpatia, partilha, cidadania, patriotismo, solidariedade);
 Objetos ideais – visam promover valores (intelectuais – conhecimento, verdade, compreensão; morais – bem, justiça, liberdade; estéticas – inclinação para a beleza e arte);

Esforço de Realização
A teoria de Maslow assenta nos seguintes pressupostos: a satisfação das necessidades superiores depende da satisfação das necessidades inferiores; o caráter elevado das necessidades traduz a permanência num nível superior de realização; as necessidades dos níveis inferiores são sentidas por todos os seres humanos, enquanto as necessidades superiores surgem apenas num número reduzido de pessoas (daí a hierarquia ser representada sob a forma de pirâmide).

Hierarquia das necessidades:
Básicas – fisiologicas (comida, conforto, roupa) e de segurança (estabilidade, proteção);
Psicológicas – sociais (afeto, aceitação, amor) e estima (reconhecimento, autoestima, prestigio);
Realização pessoal – auto realização (desenvolver talentos e criatividade individual).

Atividade Voluntária
Conceção – estabelecimento consciente de um objetivo a atingir; projeto
Deliberação – ponderação das vantagens e inconvenientes de uma determinada ação, atendendo aos meios que temos de a por em prática e à previsão de possíveis consequências. É neste momento que as nossas competências intelectuais, imaginativas e emocionais intervêm, por vezes há a necessidade de comparar, prever, analisar.
Decisão – modo pelo qual nos decidimos a agir, tendo escolhido uma de várias condutas possíveis
Execução – concretização da decisão, passagem da intenção ao ato.

Emoção



Características das Emoções:
• Têm um TEMPO
• Variam de INTENSIDADE
• Refletem ALTERAÇÕES CORPORAIS, expressões faciais, aceleração do ritmo cardíaco.
• Têm CAUSAS OU OBJETOS a que se dirigem, acontecem a propósito de algo
• São VERSÁTEIS - aparecem e desaparecem rapidamente.
• Têm uma POLARIDADE: são positivas ou negativas
• Não são determinadas pelos factos, mas sim pela INTERPRETAÇÃO desses factos

Afetos: Estados psicológicos elementares que determinam sensações agradáveis ou desagradáveis no indivíduo, em função dos sentimentos que nutre em relação a pessoas ou outros seres.

Emoções: Reações curtas e intensas do organismo a um acontecimento inesperado, que são acompanhadas de uma tonalidade afetiva agradável ou desagradável.

Sentimentos: Estados afetivos relativamente estáveis de média intensidade e com papel moderador nas relações que o sujeito estabelece com a realidade.

Para Damásio as emoções e sentimentos apresentam natureza diferente: as emoções implicam alterações fisiológicas (aceleração do ritmo cardíaco e respiratório, entre outras); enquanto que o sentimento é a tomada de consciência dessas alterações fisiológicas, o ritmo a que se vão sucedendo e a sua evolução.

Emoções primárias: inatas, revelam-se úteis porque permitem reações automáticas que facilitam que o individuo fuja do perigo, estas são promovidas pelo sistema límbico (amígdala, tálamo, hipotálamo, hipocampo).

Emoções secundárias: implicam uma avaliação cognitiva dos acontecimentos, esta avaliação necessita de fazer associações com aprendizagens já feitas. Estas emoções ocorrem no córtex pré-frontal. 

Componentes da Emoção:
1. Reações Biológicas
2. Reações expressivas
3. Experiências conscientes

Alterações Fisiológicas da Emoção:
• Respiração ofegante
• Tremuras musculares
• Rubor facial
• Aceleração do ritmo cardíaco
• Decréscimo da secreção salivar

Perspectivas sobre as Emoções:
Evolucionista: existem emoções que são universais, são independentes dos processos de aprendizagem ou da cultura em que se observam.
Fisiológica: as emoções resultam das perceções do estado do corpo, considera as alterações orgânicas como a causa e não como consequência das emoções.
Cognitivista: defende uma relação estreita entre os processos cognitivos e as emoções, é o modo como interpreto um acontecimento que me causa a emoção e não o acontecimento per si, a emoção é determinada pelo modo como avaliamos e representamos a situação.
Culturalista: as emoções são uma construção social, são aprendidas no processo de socialização, as expressões variam no tempo e no espaço em função de uma cultura.

Após pesquisas feitas a vários casos de doentes com danos cerebrais, no córtex pré-frontal, António Damásio concluiu que as emoções e os sentimentos não são um obstáculo ao funcionamento da razão, estão até envolvidas no processo de decisão.
Damásio afirma que a tomada de decisões faz-se por 2 vias:
• O raciocínio faz uma representação das consequências: avaliação da situação, opções possíveis, comparações lógicas, etc.…
• A perceção da situação provoca a ativação de experiências emocionais sucedidas anteriormente em situações semelhantes.

Damásio diz que a forma como decimos está assente na hipótese marcador somático é um mecanismo automatizado que suporta as nossas decisões, contribui para limitar o tempo de decisão, sem marcador somático a lógica precisaria de operar sobre demasiadas opções e por isso levaria imenso tempo a emitir uma decisão, com o marcador somático há sempre uma emoção associada à decisão tomada, por mais simples que ela seja.

Quando queremos tomar uma decisão fazemos uma avaliação das consequências, tentando sentir o que vai resultar de agradável ou desagradável, por exemplo hesitamos na aceitação de um emprego numa empresa poluidora do ambiente, aqui o marcador somático atua e provoca uma espécie de repulsa.

Aprendizagem



O Condicionamento Clássico
Ivan Pavlov (1849-1936)
Experiência do cão (1. Pavlov apresentava a carne ao cão e este salivava/ 2. Depois apresentava a carne acompanhada pelo som de uma campainha e cão salivava. Repetiu a associação carne + som/ 3. Ao ouvir apenas o som da campainha o cão passou a salivar).

Ao estudar os reflexos digestivos do cão, descobriu uma forma de aprendizagem presente nos seres humanos e noutros animais: o reflexo condicionado.
A descoberta que o investigador fez é que um estímulo (som), que não provocava qualquer resposta específica, depois de associado a outro estimulo (carne), passou, por si só, a provocar a salivação.

Para compreender melhor este processo de aprendizagem passamos a distinguir:
→ Estímulo neutro: estimulo que, antes do condicionamento, não produz a resposta desejada (som da campainha inicialmente);
→ Estimulo não condicionado, incondicionado: estimulo de desencadeia uma resposta não aprendida (carne);
→ Resposta incondicionada: resposta inata, não aprendida (salivar com o cheiro da carne);
→ Estimulo condicionado: estimulo neutro que, associado ao estímulo incondicionado, passa a provocar uma resposta semelhante á desencadeada pelo estímulo incondicionado (o som, depois de associado á carne);
→ Resposta condicionada: resposta que, depois do condicionamento, se segue ao estímulo, que antes era neutro (salivar quando ouve o som);
Assim:
O estímulo incondicionalmente provoca resposta incondicionada – processo inato não aprendido.
O estímulo neutro, durante o processo de condicionamento, transforma-se em estímulo condicionado.
O estímulo condicionado provoca resposta condicionada. A resposta condicionada e a resposta incondicionada sem semelhantes.
Podemos dizer que o cão aprendeu a salivar ao som da campainha. Este tipo de aprendizagem, que se designa por condicionamento clássico (ou respondente, ou pavloviano), está presente quer nos animais quer nos seres humanos. É uma aprendizagem que não envolve a vontade do sujeito: o sujeito é passivo.

O Condicionamento Operante
Rufus Skinner
Experiência da “caixa de Skinner” (1. Colocou um rato esfomeado na caixa operante ou skinner/ 2. O animal explora o ambiente cheirando, deambulando no interior da gaiola/ 3. Por a caso o rato aciona a alavanca recebendo uma porção de alimento/ 4. A partir de várias tentativas bem-sucedidas, o rato passa a premir a alavanca para receber alimento).

Esta experiencia mostra que o rato aprendeu a obter alimento: graças ao reforço (consequencia positiva), o animal aprendeu a carregar na alavanca. Esclarecemos os conceitos de reforço, reforço positivo e reforço negativo:
Reforço: estimulo que, por trazer consequências positivas, aumenta a probabilidade de uma resposta ocorrer. O reforço pode ser positivo ou negativo.


I. Reforço positivo: estimulo que tem consequências positivas, agradáveis, e que se segue a um dado comportamento (tu dizes uma asneira, eu riu-me dela então tu continuarás a dizer asneiras pois recebes-te um reforço positivo da minha parte)
II. Reforço negativo: o sujeito evita uma situação dolorosa, se se comportar de determinado modo. É a eliminação do estímulo que permite evitar a situação dolorosa (tu tens uma dor de cabeça, vais tomar um comprimido para evitar que esta se torne pior, então como fez efeito tu irás passar a tomar comprimidos sempre que te doer a cabeça pois o comprimido atuou como reforço negativo).

Quer o reforço positivo quer o negativo têm as mesmas consequências: fortalecer, aumentar a ocorrência de um comportamento. Os dois tipos de reforço aumentam a probabilidade que a resposta ocorra. É importante distinguir reforço negativo e castigo:
Castigo: procedimento que diminui a probabilidade de ocorrer uma resposta através do recurso a um estímulo aversivo. O castigo ou punição é infligido quando não há uma resposta ou quando a resposta não é desejável.
Enquanto o reforço negativo visa aumentar a ocorrência do comportamento, o castigo visa diminuir ou evitar que um comportamento não desejável se repita.
Recompensa: procedimento ou estimulo usado para aumentar a probabilidade de resposta. Correspondente ao reforço positivo do condicionamento operante.


Diferenças entre condicionamento clássico e operante:














A Aprendizagem por Observação e Imitação
Basta refletires um pouco para te aperceberes que muito do que aprendes-te ocorreu em contexto social, ao longo do processo de socialização, observando e imitando os outros. Em muitos casos, basta a observação para aprender-mos. A aprendizagem por observação e por imitação, também designada por aprendizagem social ou aprendizagem por modelação, foi estudada pelo investigador Albert Bandura, que desenvolveu um conjunto de experiencias para mostrar a importância da observação e da imitação na aprendizagem.
Bandura confirmou que a experiencia dos outros pode conduzir á aquisição de novos comportamentos. Assim, um individuo pode adquirir um novo comportamento a partir da observação de um modelo. Seria através de um processo – que o psicólogo designa por modelação – que envolve a observação, a imitação e a integração, que uma pessoa pode aprender um comportamento que passa a fazer parte do seu quadro de respostas.
Uma das questões que interessaram ao investigador foi conhecer as razões que levam a que crianças que observem comportamentos agressivos não os reproduzam. Depois de se ter assegurado que elas tinham memorizado as cenas, concluiu que não bastava a observar e reter um comportamento para o imitar. A fase de execução implica fatores internos do próprio sujeito.
Foi esta constatação que levou Bandura a evoluir da teoria da aprendizagem social para uma teoria cognitiva e social, considerando muito importantes as capacidades cognitivas do sujeito. Cada individuo não é apenas produto das circunstâncias da vida, é também o seu motor. Possui um conjunto de competências que permitem a aprendizagem e o desenvolvimento: capacidade reflexiva para avaliar o ambiente e se avaliar a si próprio. Neste contexto, a observação do outro permite-lhe adquirir competências por modelação social.


Aprendizagem como Recurso a Símbolos e Representações
a) Aquisição de Conhecimentos
Quando aprendes conhecimentos novos, integra-los nos conhecimentos que já adquiriste e que são assegurados pela memória. Mas não só: tens esquemas cognitivos prévios que te permitem enquadrar as novas aquisições. Os novos conhecimentos podem aumentar e enriquecer os esquemas cognitivos preexistentes, podem mirifica-los ou podem suscitar a criação de novos esquemas. Contudo este processo é complexo, porque os esquemas cognitivos são estruturas dinâmicas que proporcionam os conhecimentos que já possuímos e integram os conhecimentos novos. Só há aprendizagem se houver esta relação, este processo de integração.
b) Aquisição de Procedimentos e Competências
Para executar-mos uma determinada tarefa, temos de desenvolver um conjunto de ações concertadas, que se designam por procedimentos. Sempre que surge a necessidade de aprenderes algo novo, uma nova competência, mobilizamos os esquemas gerais relacionados. Por exemplo, precisas de aprender a andar de mota, vais recuperar, da tua memória a longo prazo, o que sabes sobre andar de bicicleta. Aplicas os esquemas gerais desta competência á nova tarefa, fazendo as adpatações necessárias, integrando os novos elementos que te permitem ser eficaz. Com a repetição, vais progressivamente corrigindo as ações inadequadas, repetes as que avalias como adequadas até o processo ser automático. A partir de então andar de mota passará a fazer parte da memória a longo prazo. Fica assim assegurado que, mesmo daqui a muito tempo, podes recuperar este comportamento.

Memória



É a nossa memória que retém conhecimentos, informações, ideias, acontecimentos, encontros, o que nos torna únicos e constitui o nosso património e identidade pessoal. Essencial á nossa sobrevivência, é a memória que nos permite, sempre que precisamos, atualizar a informação necessária para dar resposta aos desafios do meio. Aprendemos então a lidar com o meio e é a memória que atualiza, sempre que precisamos, os comportamentos aprendidos adaptados á situação.
Nas últimas décadas a memória tem sido alvo de investigações aprofundadas pela psicologia cognitiva e pelas neurociências, o que permitiu conhecer não só a complexidade dos processos inerentes á memória, como mostrar que está na base de todos os processos cognitivos. Aliás sem memória não há cognição.

Processos da Memória
Cabe ao cérebro selecionar o que é relevante para assegurar a própria sobrevivência do individuo e da espécie. Se registássemos e recordássemos todos os estímulos, seriamos incapazes de responder adequadamente ao que efetivamente é importante.
O que o cérebro determina como importante, ou não, ocorre no processo percetivo propriamente dito e no processamento da informação:
1. Codificar a informação sensorial;
2. Armazenar a informação;
3. Recuperar e utilizar a informação no processo de interpretação e ação sobre o meio.

Podemos então definir memória como:
Memória: conjunto de processos e estruturas que codificam, armazenam e recuperam informações sensoriais, experiencias. A memória é a capacidade do cérebro armazenar, reter e recordar a informação.

Analisemos mais detalhadamente cada um destes estádios na formação e recuperação da memória:
1. Codificação: é a 1ª operação da memória que prepara as informações sensoriais para serem armazenadas no cérebro. Consiste na tradução de dados num código que pode ser acústico, visual ou semântico.

A codificação reporta-se também á aprendizagem deliberada, isto é, a aprendizagem de algo que exige esforço e que temos como objetivo declarado memorizar. Nesta caso, atenção que dedicamos ás informações a memorizar implica uma codificação mais profunda.
2. Armazenamento: cada um dos elementos que constituem a memória está registado em várias áreas cerebrais, registado em diferentes códigos, contribuindo cada um deles para formar uma recordação.


Quando uma experiencia é codificada e armazenada, ocorrem modificações no cérebro de que resultam traços mnésicos designados por engramas. Cada informação, cada engrama, produz modificações nas redes neuronais que, mantendo-se, permitem que se recorde o que se memorizou, sempre que necessário. Para que uma informação se mantenha de modo permanente e estável é necessário tempo. O processo de fixação é complexo, estando o material armazenado sujeito a modificações continuas.
3. Recuperação: nesta etapa, recupera-se a informação, lembramo-nos, recordamo-nos, evocamos uma informação.

Existem dois tipos de recordações, aquelas que nos vêm automaticamente á memória (Quantos anos tens?) e aquelas que requerem algum esforço (Quais os processos de mundialização?).
É nos casos de maior esforço que nós iremos tentar associar a pergunta a alguma coisa para que a recordação seja mais fácil e a isto chamamos de reconhecimento e de seguida após associarmos as coisas iremos tentar lembrarmo-nos exactamento aquilo que estas significam, o que é a evocação.


Memória a Curto Prazo
Memória a curto prazo: memória que retém a informação durante um período limitado de tempo, podendo ser esquecida ou passar para a memória a longo prazo. Na memória a curto prazo, distinguem-se duas componentes, a memória imediata e a memória de trabalho.

Na memória imediata o material fica retido durante uma fração de tempo – cerca de 30 segundos. Na memória de trabalho o tempo pode-se alongar se repetirmos mentalmente a informação.
Neste tipo de memória integram-se outros registos em que a informação se pode manter durantes horas (por exemplo, teres que trazer um teste assinado no dia seguinte). Qualquer informação que tenha estado na memória a curto prazo e que se tenha perdido estará perdida para sempre, só se mantendo se transitar para a memória a longo prazo.


Memória a Longo Prazo
A memória a longo prazo é um tipo de memória que é alimentada pelos materiais da memória a longo prazo que são codificados em símbolos. A memória a longo prazo retém os materiais durante horas, meses ou toda a vida.
Na memória a longo prazo há diferentes modalidades de armazenamento da informação para diferentes registos: visual, auditivo, táctil e ainda da linguagem do movimento, e visto que as memórias com origens diferentes são armazenadas em áreas diferentes do cérebro, a perda de uma área não tem repercursões nas outras.
Distinguem-se, geralmente, dois tipos de memória a longo prazo que dependem de estruturas cerebrais diferentes: a memória não declarativa e a memória declarativa.

1) Memória não declarativa: memória automática, que mantém as informações subjacentes á questão “Como?” (como andar de bicicleta? Como lavas os dentes? Como apertar as sapatilhas? Como conduzir um carro?)

Quando desenvolvemos estes comportamentos, não temos consciência de que são capacidades que dependem da memória. O exercício, o hábito, a repetição do conjunto das práticas tornam essa atividade automática. Muitos dos nossos comportamentos são essenciais á vida do dia-a-dia, dispensando a nossa atenção. Para executarmos estas atividades não é requerida a localização no tempo, nem reconhecimento, a não ser que nos perguntem por exemplo para explicarmos por palavras como se atam as sapatilhas. A maior parte destes comportamentos envolvem a atividade motora. A memória não declarativa é também designada por memória implícita ou sem registo.

2) Memória declarativa: implica a consciência do passado, do tempo, reportando-se a acontecimentos, factos, pessoas. (Também designada de memória explicita ou com registo). Distinguem-se, neste tipo de memória, dois subsistemas:
a. Memória episódica que envolve as recordações. Daí aparecer associada ao termo “autobiografia”, porque se reporta a lembranças da tua vida pessoal. É então uma memória pessoal que manifesta uma relação intima entre quem recorda o que se recorda.
b. Memória semântica refere-se ao conhecimento geral sobre o mundo. Neste tipo de memória não há localização no tempo, não estando ligada a nenhum conhecimento ou ação específicos, nem referenciado e nenhum facto especifico do passado.


Esquecer para Recordar
Esquecimento: incapacidade de recordar, de recuperar dados, informações, experiencias que foram memorizadas. Esta incapacidade pode ser provisória ou definitiva.

Geralmente, associa-se ao termo esquecimento um valor negativo, sendo, muitas vezes, considerado uma falha, uma patologia da memória. Contudo, o esquecimento é essencial, é uma própria condição da memória: é porque esquecemos que continuamos a reter informações adquiridas e experiencias vividas. Seria impossível conservar todas as matérias que armazenamos, tendo o esquecimento a função de selecionar para podermos adquirir novos conteúdos. O esquecimento tem, assim, uma função seletiva e adaptativa: afasta a informação que não é útil e necessária.
Aliás, convêm recordar o que já dissemos: a memória não reproduz os dados tal como foram armazenados. A memória, como processo ativo que é, tem um caráter seletivo na medida em que toda a informação é guardada, e um caráter adaptativo – a informação é transformada.
Geralmente, quando falamos de esquecimento, referimo-nos á memória a longo prazo. Na memória a curto prazo, os materiais retidos por breve período de tempo, como já vimos, ou se apagam para reter novos dados ou para passar para a memória a longo prazo.


Esquecimento Regressivo
O esquecimento regressivo ocorre quando surgem dificuldades em reter novos materiais e em recordar conhecimentos, factos e nomes aprendidos recentemente. Este tipo de esquecimento é especialmente sentido por pessoas de certa idade e pode ser devido á degenerescência dos tecidos cerebrais.


Esquecimento Motivado
Freud apresentou uma conceção de esquecimento que decorre da sua teoria sobre o psiquismo humano: nós esqueceríamos o que, inconscientemente, nos convém esquecer. Assim os conteúdos traumatizantes, penosos, as recordações angustiantes seriam esquecidos para evitar a angústia e a ansiedade, assegurando assim o equilíbrio psicológico. Este processo designa-se por recalcamento. Segundo Freud seria através do recalcamento que os conteúdos do inconsciente seriam impedidos de aceder ao ego, á consciência. Este processo é um mecanismo de defesa através do qual pensamentos, desejos, sentimentos e recordações dolorosas são afastadas da consciência como o objetivo de reduzir a tesão provocada por conflitos internos. Os conteúdos recalcados, “esquecidos”, não poderiam ser recuperados através de um ato de vontade. Segundo Freud, só através do método psicanalítico se poderia aceder às recordações recalcadas, parte delas com origem na infância (amnésia infantil).


Interferência das Aprendizagens
As investigações mais recentes tendem a explicar o esquecimento fundamentalmente através do processo de interferência: as novas memórias interferem com a recuperação das memórias mais antigas. Atualmente pensa-se que, mais do que desaparecer, o que acontece ao material que não conseguimos recordar é ter sofrido modificações, geralmente por efeito de transferências de aprendizagens e experiencias posteriores. Muitas vezes, pensa-se que se esqueceu determinado conteúdo quando, o que se passa, é que sofreu tantas transformações que não o reconhecemos.

Perceção




Perceção: processo cognitivo através do qual contatamos com o mundo, que se caracteriza pelo facto de exigir a presença do objeto, da realidade a conhecer. Pela perceção, organizamos e interpretamos as informações veiculadas pelos órgãos dos sentidos, a que designamos de informações sensorias.

O Processo Percetivo
O teu conhecimento do que ocorre neste momento é construido por diferentes sistemas sensoriais: pela visão; olfato; audição; tato; paladar: sentido do equilibrio; sentido dos movimentos corporais.
Embora a receção sensorial seja diferente para os diferentes órgãos dos sentidos, há 3 elementos comuns:
1. o estimulo fisico;
2. a sua tradução em impulsos nervosos;
3. a resposta á mensagem como perceção.

Sensação: processo de deteção e receção dos estímulos nos órgãos dos sentidos.

A perceção é uma atividade cognitiva que não se limita ao registo da informação sensorial: implica a atribuição de sentido, que remete para a nossa experiencia.

A perceção como representação
A perceção não reproduz o mundo como um espelho, o cérebro não regista o mundo exterior como um fotógrafo tridimensional: ele constrói uma representação mental ou imagem da realidade.
É no cérebro que se vão estruturar e organizar as representações do mundo, é no cérebro que se dá sentido ao que vemos e ouvimos. A informação proveniente dos órgãos sensoriais é tratada pelo cérebro e é nesta estrutura do sistema nervoso que ganha sentido e significado.

A perceção social
Perceção social: processo que está na base das interações socias (como conhecemos os outros, como interpretamos o seu comportamento). O conhecimento deste efeito é muito importante, porque é o modo como percecionamos as situações socias e o comportamento dos outros que orientará o nosso próprio comportamento.

A perceção social está muito relacionada com os grupos sociais, com o contexto social em que a pessoa está inserida. Segundo o autor Moscovici os individuos e os grupos sociais reconstroem a realidade através da atribuição de significados particulares á realidade física e social.
Um dos fenómenos estudados refere-se á predisposição percetiva onde por exemplo, a mesma conversa pode ser entendida de formas diferentes por duas pessoas consoante aquilo que elas pensam da pessoa ou do assunto falado.
Um dos casos estudados, e que reflete a predisposição percetiva, é o efeito dos estereótipos e dos preconceitos na forma como percecionamos os outros. Numa experiencia realizada na década de 50 por Allport colocou-se num autocarro um homem branco com uma faca na mão sentado ao lado de um homem negro e constatou-se que um numero muito elevado de pessoas afirmavam ter visto o negro com a faca na mao e não o senhor branco. A imagem foi então projetada na retina e foi distorcida pela representação produzida no cérebro devido ao preconceito racial.

A Mente


Processos Cognitivos: Processos relacionados com o saber que se manifestam em diferentes formas (perceção, memória e aprendizagem).
Processos Emotivos: Processos relacionados com o sentir, ou seja, são os estados vividos pelo indivíduo, correspondendo às vivências e à interpretação das relações que temos (emoção, afeto e sentimento).
Processos Conativos: Processos relacionados com o fazer, ou seja, são as ações, os comportamentos (intencionalidade, tendência e esforço de realização).

Processos Cognitivos:

Modelo Ecológico do Desenvolvimento




Urie Bronfenbrenner elaborou um modelo explicativo, o modelo ecológico do desenvolvimento em que defende que o desenvolvimento humano é um processo que decorre ao longo de toda a vida a partir de interações entre os indivíduos e os seus contextos da vida. Os seres humanos desenvolvem-se em múltiplos contextos – dos mais simples aos mais complexos – através de processos de interação continuada com os ambientes onde vivem. Os desenvolvimentos dependem então das características dos contextos assim como das características biopsicológicas dos indivíduos.

Contextos de existência dos indivíduos
Cada um de nós encontra uma espécie de diferentes contextos, uns mais próximos, outros mais distantes, onde vivemos e que de um modo mais ou menos direto influenciam a nossa vida (a tua casa, a tua família, a tua escola, o teu país, o seculo em que estas…). Tudo isto é contexto, mas nem todos têm o mesmo tipo de relação contigo e com a tua vida. No entanto todos eles influenciam o teu desenvolvimento pessoal.
Numa perspetiva ecológica, os contextos onde participas e com os quais tens relações são concebidos como uma série de sistemas inter-relacionados. Cada um destes sistemas está contido em sistemas mais abrangentes. Vamos abordar os diferentes sistemas que constituem os contextos de vida dos seres humanos: o microsistema, o mesosistema, o exossistema, e o cronossistema.

a) O microsistema
Microsistema: são os contextos mais próximos dos indivíduos. Deles fazem parte os contextos onde as pessoas mantêm relações diretas e face a face de forma continuada. Ex: Família, grupo de amigos, grupo desportivo, a escola, etc.

b) O mesosistema
Mesossistema: os mesossistemas designam as interações e os processos que acontecem entre dois ou mais contextos do microssistema. Há ambientes que apesar de não serem ambientes onde participamos diretamente, influenciam e interagem com os contextos onde vivemos. 

c) O exosistema
Exosistema: o exossistema é também, tal como o mesossitema, um sistema de ligação entre contextos. Neste caso, a pessoa em desenvolvimento participa diretamente apenas num deles. 

 d) O macrosistema
Macrossistema:  constitui um sistema alargado dos contextos de uma pessoa, as suas alterações/mudanças afetam todos os outros sistemas. O macrociste ma constitui o sistema mais alargado em termos dos contextos de vida de qualquer individuo. Dele fazem parte os padrões socioculturais, as instituições politicas e sociais, os valores e significados partilhados, as crenças, os costumes e os estilos de vida,…

e) O cronossistema
Cronossistema: O cronossistema permite incorporar no contexto de vida uma dimensão temporal. Esta dimensão inclui mudanças, as mudanças ao nível do cronossistema podem ser centradas no ambiente ou na pessoa em desenvolvimento.

O contexto de cada um
Quais as interligações, interações entre os contextos de vida?
1. Inter-relações no interior de cada contexto – cada contexto é constituido por subsistemas que interagem entre si;
2. Inter-relações entre contextos – os contextos não estão isolados uns dos outros, como já vimos, interagem, afetando-se mutuamente:
3. Inter-relações entre o individuo e os contextos – o individuo é ativo, não sofre passivamente a influencia dos contextos. A sua ação afeta, influencia os contextos, os ambientes em que participa, transformando-os.